NADIR AFONSO
11/12/13
Arquitecto e pintor, no mundo
Nadir em todos os sentidos assume-se a excepção à regra, onde como ele, são poucos os exemplos no panorama artístico português que tenham conseguido produzir tão profunda criação teórica aliada a uma profícua e almejada prática de atelier. A totalidade da sua obra não reflecte academismo institucional ou identidades reflexo de outros, a sua singularidade é verdade na sua intemporalidade identitária. Perfil demonstrado com clareza nos escritos que desde sempre retalhou no papel e fez questão de publicar. Talvez na sua obra escrita, se encontre a totalidade da sua obra, onde o pensamento é explanado na palavra e encerrado posteriormente na fluidez do traço.
È nesta experiencia que Nadir se sente comprometido na procura do primado do carácter fenomenológico. Onde a geometria do universo e a sua cosmogonia são enceto para a justificação da sua obra. Entendendo a via entre o homem e objecto, entidade própria, geradora da alteração do “significado qualitativo dos objectos” para a “expressão quantitativa dos espaços”. Assume por um lado que a redução fenomenológica coloca em suspenso o conhecimento das coisas do mundo exterior a fim de concentrar-se o individuo exclusivamente na experiência em foco, por outro lado “o objecto existe sem o sujeito, mas não é dado sem a actividade do sujeito”.
Arroga assim em obras anteriores que esta relação é uma entidade em si, e aqui dá lugar ao papel da intuição artística, onde acorda a geometria como alicerce no entendimento da significância entre o mundo e a consciência. A imutabilidade e eterna harmonia adquirem consciência no raciocínio estético, adquirindo a geometria um papel orientador sendo legitimada por Pitágoras, a sua verdade. O que procura na sua essência, são as qualidades da perfeição, aquando da sua aproximação limite revela-se a harmonia. Se a geometria de Pitágoras alimentava o encanto duradouro para a perfeição de Marx, Nadir defende o sentido da harmonia alicerçado nas leis imutáveis da geometria.
Aqui reside a essência da obra de Nadir, numa depurada clarividência na expressão do pensamento complementa uma obra artística, e agora, na densa espessura da escrita “da intuição artística ao raciocínio estético”.